A tecnologia e a alteração da realidade
Nem tudo o que os olhos vêem é real e o coração deveria sentir… e nem a mente deveria acreditar.
Por Redação.
12/03/2021, às 15h
A tecnologia é formadora de grandes avanços. Seu desenvolvimento se dá a partir de necessidades e limitações que sentimos, como encurtar distâncias, trocar informações a todo instante e gravar momentos para sempre, por exemplo. Se compararmos as tecnologias de hoje em dia com as disponíveis há 50 anos atrás, poderemos observar um enorme avanço, que foi criado a partir de necessidades: o celular, que começou a ser comercializado em 1983, foi criado com a função única de ligação móvel e a câmera digital foi criada a partir da necessidade de registro de momentos importantes, em 1990, por exemplo.
O grande problema das tecnologias no mundo de hoje é que muitas vezes, por seus avanços, o que é real se confunde com o que é virtual e é neste ponto que nascem os maiores problemas.
Hoje em dia, alterar a realidade registrada é muito fácil. Para alterações vocais, temos emuladores de voz, como autotune. Para alterar fotos e imagens, usamos o Photoshop, que permite trocar alguns ou todos os elementos da imagem, fazendo ser possível alterar todo um contexto visível e fixo. E agora, temos também o Deepfake, que permite a alteração de uma pessoa de modo realista em vídeo.
Confira mais alguns exemplos:
Mas afinal, qual o problema com a alteração de registros reais?
Eles são capazes de alterar a percepção de realidade das pessoas. E essa alteração de realidade é muito ruim. Por exemplo, os vídeos de deepfake são feitos na grande maioria das vezes com o cunho humorístico ou pornográfico. O grande problema é que eles literalmente mostram alguém no vídeo, que não estava realmente ali, fazendo e dizendo coisas que ela não disse nem fez. Isso é extremamente prejudicial, principalmente se pensarmos na possibilidade de chantagens, manipulações e enganações com vídeos feitos com esse efeito, mostrando situações que não são reais.
A qualidade desses vídeos também impressiona. Essa é uma das principais dificuldades no reconhecimento do que é falso ou não. É nesse ponto que o Deepfake se difere de “brincadeiras simples”, como filtros do Instagram, por exemplo.
Muita gente que ainda não sabe que existe essa tecnologia, ao receber vídeos pelas mídias sociais ou whatsapp, por exemplo, acredita 100% que aquilo seja real e passa a informação adiante como se fosse real mesmo.
Por isso, todos temos sempre que “confiar desconfiando” das informações, mesmo que elas sejam em áudio, imagem e agora, em vídeo. Sempre que possível, cheque a fonte e se notar que o conteúdo não é verdadeiro, deixe essa informação explícita para quem você for passar o conteúdo.
Mas é importante lembrar: a tecnologia em si não é boa, nem ruim. Quem faz dela uma coisa ou outra é quem a utiliza. Se olharmos essa tecnologia por outras perspectivas, como pelos games, por exemplo, vemos que ela pode ser muito vantajosa.
Nas customizações de personagens, muitas vezes os jogadores não se sentem 100% representados pelo resultado final. Agora, com o Deepfake ou programas criados a partir dessa tecnologia, os jogadores poderiam jogar online com um personagem que tenha seu rosto e poderiam ainda reconhecer seus amigos online, sem o auxílio do nickname. No mundo da moda, essa inovação também poderia ser aproveitada: como saber se aquela roupa, cabelo, sapato combinam com você antes de efetuar a compra ou o corte? Ao substituir a modelo online pelo seu rosto e seu corpo, você terá uma noção realista do resultado final.
A tecnologia, portanto, é apenas uma ferramenta. Somos nós, os usuários, que a utilizamos para fins positivos ou negativos. Para o futuro, podemos esperar que muito dessa tecnologia ainda será desenvolvida, aprimorada e posteriormente utilizada para diversas áreas, o que faz com que métodos de detecção sejam cada vez mais necessários, além da atenção redobrada.